Igreja Católica “separa-se” da Associação de Escuteiros de Cabo Verde
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A Igreja Católica desligou-se do Movimento de Escuteiros que faz parte da Associação de Escuteiros de Cabo Verde (AECV). Agora só pertence à Diocese de Cabo Verde o Corpo de Escutismo Católico de Cabo Verde (CEC/CV).
A rotura deu-se após uma reunião entre o delegado do Bispo e os Escuteiros, e foi anunciada através do folheto informativo da Diocese de Santiago, “Água Viva”, no mês passado.
A notícia da separação diz o seguinte: Os agrupamentos Padre Santana (nome de baptismo do referido grupo) e Achada Tenda manifestaram livremente as suas posições. Nós agradecemos todos os contributos e a colaboração que deram a Paróquia enquanto Movimento Escutista na Igreja. Contudo, perante novas orientações do nosso Bispo, e perante a vossa opção, a Paróquia e a Diocese não conta convosco enquanto Movimento na Igreja e para a Igreja nos moldes por que optaram. Esta decisão já vinha sendo discutida entre as duas partes há três anos atrás, mas só agora colocou-se os pontos nos “is”.
Isto aconteceu porque a AECV, dirigida por Luis Delgado, Manuel Lima e Olivia Lima, segundo um documento a que “A Semana” teve acesso, optou por seguir regras religiosas “mais democráticas” integrando todas as religiões em grupos “mistos”. e alegam que essas são novas regras emanadas directamente do “Escutismo Mundial”.
De acordo com uma fonte religiosa, o escutismo em Cabo Verde nasceu há mais de 25 anos, em São Domingos, tendo como base actividades ligadas à Igreja Católica. Passaram-se os anos, e nos dias que correm muita coisa mudou. Isto porque dentro da Associação dos Escuteiros de Cabo Verde filiado no Escutismo Mundial, que abarca diferentes religiões, seguem ordens estritamente deste escutismo. Mas a nossa fonte, explica que cada país adapta-se à sua maneira às regras mundial, de acordo com a doutrina que praticam, sendo que o catolicismo tem as suas directrizes que muitas vezes não se reviam na prática da AECV. “Um dos princípios é a monogamia que, para os escuteiros muçulmanos não incorporam porque a sua religião permite a poligamia. E isso vai contra os nossos ensinamentos. Sendo assim, em que ficamos?”, questiona a fonte.
Os únicos escuteiros que continuaram ligados à Diocese de Santiago, são os do Corpo de Escutismo Católico de Cabo Verde (CEC/CV).
A separação deu-se oficialmente através de uma circular a que a A Semana teve acesso, onde a Diocese diz à AECV que desde o ano de 2009, as duas Dioceses de Cabo Verde, a do Mindelo e a de Santiago, têm vindo a envidar esforços para o início de negociações entre a Associação dos Escuteiros de Cabo Verde (AECV) e o Corpo do Escutismo Católico de Cabo Verde (CEC/CV), com o desejo expresso de unir as duas Associações escutistas, integrando ambas as Associações que declaradamente se dizem católicos. Superadas as dificuldades iniciais, foi constituída uma comissão composta por três elementos de AECV, três de CEC/CV e dois Delegados do Bispo das duas Dioceses, encarregue dessa tentativa de reunificação.
Durante as negociações, houve momentos diferenciados, uns de avanço, outros de recuo.
Chegados a este momento, sentimos a necessidade de concluir o processo negocial. No entanto surgiu e persiste um impasse, que não foi ultrapassado.
Trata-se efectivamente da designação do “escutismo católico” que o CEC/CV e a Delegação do Bispo querem que se conserve, como expressão da nossa identidade religiosa, enquanto os Representantes da AECV recusam essa designação, defendendo, de certo modo, um escutismo supra-confessional, corporizado naquilo que eles chamam de “grupo misto”.
Da parte da AECV, um dos dirigentes que falou ao nosso jornal diz não perceber tal posicionamento da Igreja Cabo-verdiana, alegando na AECV também há escuteiros católicos que com a decisão do Bispo deixa de ter um guia, alguém que lhes dê assistência católica. Mais, agora a AECV tem representação de todas as entidades religiosas menos da católica.
Em resposta à circular emitida na “Água Viva”, a comissão considera que, as afirmações nela contida, são tendenciosas e parciais. E esclarece: A Constituição da Organização Mundial do Movimento Escutista - O.M.M.E -, define o movimento escutista no seu artigo 1° como um movimento de crianças e jovens, aberta a todos sem distinção de origem, raça ou credo em conformidade com a finalidade, princípios e método concebidos pelo fundador LORD BADEN-POWELL. Após sublinhar este ponto concluem que, Os agrupamentos constituídos por escuteiros que professam a fé católica e outro credo têm igualmente acolhimento na OMME e na AECV. A este último a AECV o denominou de grupo misto; Portanto, afirmar que a AECV defende um escutismo corporizado num “Grupo Misto”, não corresponde à verdade, aliás significaria reduzir o papel do escutismo mundial a uma inexpressão, o que configuraria um desconhecimento dos fundamentos do escutismo. A AECV defende o escutismo tal como vem descrito na constituição da OMME e nos seus estatutos.
De relembrar que a referida associação foi fundada em 1990 e em 2000 experimentou uma cisão, com a criação do Escutismo Católico pelo ex.Bispo D. Paulino.
Nadine Gomes
FONTE: Asemanaonline quinta feira 19 Novembro 2012
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